É muito importante que os gestores públicos utilizem os conceitos sustentáveis na concepção e construção de edifícios por três motivos principais: economia futura com o retorno do investimento obtido com o projeto diferenciado; redução do impacto ambiental e a minimização das emissões de gás carbônico; e concretização das ideias e conceitos de economia mediante o exemplo para a sociedade do uso dos sistemas sustentáveis, disseminando, assim, a Cultura da Sustentabilidade, que é um conjunto de atitudes simples, diretas e diárias, as quais todos os cidadãos podem acatar no intuito de beneficiar a comunidade, e que visam também reforçar o segundo motivo, promovendo a redução do impacto imediato das ações cotidianas dos seres humanos no meio ambiente. Essas mudanças de atitude envolvem não só as ações pessoais, familiares e dos grupos sociais a que pertencemos, mas também as mudanças nas políticas públicas, engenharia das cidades, mudança de paradigma dos projetos técnicos, criação de redes de informação e compartilhamento e uma visão sistêmica e holística de nossa relação com o meio ambiente.
A partir de uma visão sistêmica, as propriedades das partes de um projeto são, na verdade, as propriedades do todo e surgem das interações entre todas elas, e que, se forem separadas, perdem suas propriedades originais.
Observar um fenômeno, um projeto ou a própria natureza pela ótica holística significa transitar livremente entre parte e todo, buscando as conexões entre os elementos que, na teoria sistêmica, são chamados de hólons – entidades que, dependendo do ponto de vista, podem ser analisadas como a própria parte ou como o grande todo. Muitos são os conceitos que permeiam uma arquitetura holística e sustentável.
Destacamos sete conceitos fundamentais que serão tratados de forma pormenorizada neste livro:
1. Redução do desperdício;
2. Eficiência; 3. Redução do impacto no meio ambiente;
4. Minimização de descarte de resíduos;
5. Maximização de reúso dos insumos;
6. Compromisso com o conforto;
7. Acessibilidade e respeito às necessidades das pessoas.
Por outro lado, é importante destacar que o desenho e a concepção do edifício deve ser fundamentado não só pelos aspectos técnicos e econômicos mas também pela ética e compromisso social, como estabelecem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) preconizados pela Organização das Nações Unidas e que devem ser implantados por todos os países, sem restrição, até 2030. (ONU)
São dezessete os Objetivos que devem ser sempre analisados sob a perspectiva holística na medida em que um complementa o outro e todos formam um conjunto coerente, ético e comprometido com o incremento da qualidade de vida e felicidade humana:
ODS 1: Erradicação da pobreza com melhoria da distribuição da riqueza e redução da gigantesca diferença existente na qualidade de vida das comunidades dentro dos países e entre os países;
ODS 2: Fome zero e agricultura sustentável com a redução drástica dos agrotóxicos e incentivo à economia familiar;
ODS 3: Saúde e bem estar com melhoria da qualidade de vida; ODS 4: Educação de qualidade como condição da formação de cidadãos éticos, bem preparados e qualificados para prover qualidade e bem estar à família;
ODS 5: Igualdade de gênero;
ODS 6: Água potável e saneamento como meio de promover saúde e eliminar a disseminação de patógenos;
ODS 7: Energia limpa e acessível à população rural e urbana como eficaz meio de reduzir drasticamente a dependência dos combustíveis fósseis;
ODS 8: Trabalho descente e crescimento econômico, acrescido de incremento na satisfação pela vida e felicidade;
ODS 9: Indústria, inovação e infraestrutura básica e de ponta para todas as comunidades, baseada na cooperação científica e disseminação do conhecimento;
ODS 10: Redução das desigualdades econômicas, porém com a manutenção de culturas autóctones;
ODS 11. Cidades e comunidades sustentáveis de baixo impacto ambiental e reduzidas emissões de gás carbônico;
ODS 12. Consumo e produção responsáveis com a redução do desperdício e eliminação do supérfluo;
ODS 13. Ação contra a mudança global do clima a partir prioritariamente da redução das emissões de gases de efeito estufa e promoção da absorção desses gases através do plantio de árvores;
ODS 14. Vida na água com a manutenção da biodiversidade aquática, controle da pesca predatória e despoluição;
ODS 15. Vida terrestre com a manutenção dos biomas originais e recuperação de áreas degradadas.
ODS 16. Paz, justiça e instituições eficazes com a eliminação das guerras, redução drástica da circulação de armas, combate à corrupção e valorização ética dos cidadãos;
ODS 17. Parcerias e meios de implementação através das redes de compartilhamento, economia colaborativa e eliminação de barreiras restritivas da livre disseminação do conhecimento.
Trecho copiado do livro
PROJETO DE EDIFÍCIOS PÚBLICOS SUSTENTÁVEIS
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https://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/562746